Dica de Filme: Interestelar (2014)


Interestelar é uma ficção científica de quase três horas de duração (corte de cenas não parece ter sido uma opção) que foi grande sucesso ano passado. Cooper (Matthew McConaughey), ex-piloto da NASA, tem uma fazenda no interior dos Estados Unidos. O filme se passa num futuro distante, quando a Terra está morrendo, sendo praticamente soterrada por poeira (a casa do personagem fica suja a todo momento, quase chega a ser cômico). Quase nenhuma plantação sobreviveu e o estado de emergência está se instalando (corta para entrevistas dramáticas sobre a situação de calamidade sendo contada como coisa do passado). Cooper mora com os dois filhos, Murphy e Tom, e o pai, Donald, e é quase por acaso, ou por obra do “sobrenatural” (que mais tarde é explicado no filme, mas não darei spoilers astronômicos como esse), que Cooper e Murphy encontram o que pode ser a última chance da humanidade. Eles encontram... a NASA (oh, sério, Estados Unidos?). Porém, essa salvação não seria nada simples e demandaria um grande sacrifício: Cooper teria que ir para uma missão no espaço em busca de lugares habitáveis, mais longe do que qualquer ser humano já foi. Murphy fica arrasada e com raiva por ele aceitar. Mas que escolha o homem teria? Seu antigo professor, que coincidentemente trabalhava para a oficialmente extinta Nasa, havia lhe dito que a geração de Murphy seria a última a sobreviver na Terra. 
Cooper, tentando convencer a filha de que não é tão mal assim, o que não acho que a convenceu muito, diz que quando retornasse à Terra – se retornasse, vamos combinar – teria a mesma idade biológica de sua filha, porque ele literalmente viajaria no tempo, navegando à velocidade da luz por um buraco de minhoca
O tema maior do filme, eu diria, é esse amor de pai e filha. Isso pode soar cafona, e é mesmo, mas é grande parte da motivação do personagem principal para tentar salvar o mundo da destruição iminente.
O que não poderia faltar, sendo um filme de astronautas, era toda a parte emocional dos astronautas se comunicando com seus familiares aqui embaixo. Aplaudi de pé (figurativamente) a atuação de Matthew McCanaughey, e Jessica Chestain (Murphy adulta) que interpretaram os protagonistas absolutos deste filme. Seus choros e o relacionamento pai e filha ficou complexo e lindo (aliás, um momento de silêncio por Tom, o filho ignorado). Não poderia deixar de ressaltar Anne Hathaway na pele da incrível astronauta Brand, sutil interesse amoroso de Cooper.


Ver esse filme com olhos científicos pode ser até suportável, mas é preciso mente aberta. O filme é crível em muitos pontos (ex: as explosões espaciais não têm som) e questionável em outros (não darei spoilers, HA!). O ponto fraco que me deixou meio chateada, porque não queria ter encontrado nenhum, foi a fraqueza dos diálogos, as falas por si próprias: elas algumas vezes pareceram forçadas, não algo que alguém realmente diria.
Por vezes, achei que o filme estava acabando, mas era surpreendida por uma nova reviravolta que levava os personagens a um novo lugar ou situação inesperados (aliás, esse filme deve ter uns 30 climaxes O_O). E como adivinhadora de finais de filmes profissional que sou, consegui esperar algo do final que realmente aconteceu, mas apenas parcialmente, e o modo como o filme chegou ao seu fim me deixou sem fôlego e definitivamente surpreendeu.
Não fiquei surpresa quando o nome Christopher Nolan apareceu nos créditos finais. A Origem (Inception), produzido por ele, é um dos meus filmes preferidos. Os “e se” do filme me pareceram familiares. Nolan não tem medo de usar hipóteses e teorias científicas que estão longe de serem comprovadas, mas é por isso que esse filme é ótimo. Ele respeita à risca as teorias que segue, apesar de misturar todas elas numa goiabada só. Falando em Nolan e Inception, também falamos em efeitos especiais fodásticos, sem os quais a trama intergalática perderia parte de seu poder de emocionar e deixar o espectador de boca aberta.

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